Água
Pantanal
Fogo

Confira abaixo a TOUR VIRTUAL DA EXPOSIÇÃO realizada pelo Documenta Pantanal em parceria com o Instituto Tomie Ohtake. Com curadoria de Eder Chiodetto, a mostra reuniu fotografias de Lalo de Almeida e Luciano Candisani, além de apresentar mapas, livros, infográficos e uma sala de vídeos que auxiliam a compor um panorama potente do Pantanal e de suas urgências.

Mônica Guimarães e
Teresa Cristina Ralston Bracher

Documenta Pantanal

Por que o Pantanal, esse mundo de águas, passou a queimar diante de nossos olhos? Por que os rios do Pantanal, que há séculos alimentam um verdadeiro mar de dentro a cada cheia, agora estancam, assoreados, impedidos de dar curso à navegação fluvial e inutilizando as terras antes férteis à sua volta?

São duas perguntas que nós, pantaneiros de nascença ou por opção, nos fazemos a todo instante. Para nossa sorte, não só nós. A força de nutrir e destruir desses elementos-chave e as formas como passam a se manifestar, ao cabo de uma longa história de agressão, são temas que mobilizaram a atenção de dois dos maiores fotógrafos em ação no Brasil hoje: Lalo de Almeida e Luciano Candisani. Foi a sensibilidade de Eder Chiodetto, curador e idealizador desta exposição – outra sorte –, que permitiu colocá-los em diálogo para compor um panorama potente do Pantanal e de suas urgências.

Contando com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, a parceria dos patrocinadores e o entusiasmo do Instituto Tomie Ohtake, Água Pantanal Fogo não é só um alerta, mas também uma introdução às particularidades do bioma pantaneiro. Informações e uma Biblioteca Aberta sobre o Pantanal, disponível no espaço expositivo, enriquecem ainda mais a leitura de imagens que falam por si mesmas.

A crença no poder da documentação de alertar, sensibilizar e mobilizar públicos amplos no Brasil e no mundo move o Documenta Pantanal. Ao longo de seus cinco anos de existência, a iniciativa vem se empenhando em apontar os efeitos das mudanças climáticas e da ação humana sobre o bioma em filmes, livros e campanhas, entre outras ações.

É sabido que a conservação do Pantanal passa pela prevenção e controle dos fatores que ameaçam sua integridade. Em dezembro último, foi sancionada a primeira Lei do Pantanal, que abre uma fenda importante para a proteção do bioma e o uso sustentável de seus recursos.

Cabe a nós seguir fazendo perguntas e buscando respostas.

Eder Chiodetto

Curador

Águas que inundam, águas que vazam. Seca que chega, fogo que incendeia. A região do Pantanal, no Brasil, tem a singularidade de ser regido, desde sempre, pelo equilíbrio do ciclo das águas, vital para a preservação da rica biodiversidade que pulsa em seus rios, corixos e lagoas. Porém, o uso abusivo dos recursos do bioma, somado aos efeitos devastadores das mudanças climáticas, pode, segundo especialistas, resultar na desertificação da região.

Essa exposição visa ser um alerta sobre tudo o que está fragilizando esse bioma, mas que também tem dizimado florestas aqui na Europa e em todo o mundo. Não estamos conseguindo frear a escalada de desmatamento, de emissão de gás carbônico. Nascentes de água seguem sendo desviadas para a agropecuária não sustentável. Esse estado atual das coisas está nos levando ao ponto do não retorno. Estamos flertando com o ecocídio de todo o planeta.

Lalo de Almeida e Luciano Candisani, dois dos mais importantes e premiados fotodocumentaristas brasileiros, documentaram o Pantanal como forma de dar visibilidade, em tom de manifesto, às pulsões de vida e de morte que surgem justapostas entre a época das cheias e da estiagem.

Lalo fotografou o Pantanal durante os incêndios de 2022 e 2024, que calcinaram cerca de 26% da região e mataram em torno de 17 milhões de animais. Suas imagens circularam pelo mundo e ajudaram a alertar a sociedade civil, a classe científica, o governo brasileiro e organismos internacionais sobre a gravidade do problema. Essas imagens, em parte aqui expostas, deram a ele o prestigiado prêmio World Press Photo.

Luciano, que além de fotógrafo é biólogo, documenta ecossistemas ao redor do mundo. Na última década, fotografou as cheias do Pantanal. Suas imagens, de rara excelência técnica e expressiva, resultaram num acervo de suma importância para alavancar pesquisas e mostrar ao mundo a urgência em se criar formas de combate aos crimes ambientais. Por esse trabalho ele ganhou o prêmio Wildlife Photographer of the Year, em 2012.

Lalo de Almeida e Luciano Candisani representam uma linhagem de fotógrafos que elegem temas de investigação para trabalhar neles por longos períodos. São cronistas visuais que frequentemente buscam parcerias com cientistas e pesquisadores. Para obter o resultado exposto nesta mostra, criam logísticas complexas e se expõem a vários tipos de perigo.

É em trabalhos como esses, que aliam idealismo, paixão e militância, que a fotografia alcança seu ápice, tornando-se uma janela aberta a revelar as idiossincrasias e o sublime do mundo.

Edições da exposição

Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil

Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil

Museu Internacional Marítimo de Hamburgo, Alemanha.

Museu Internacional Marítimo de Hamburgo, Alemanha.

Museu Nacional de História Natural e da Ciência em Lisboa, Portugal

Museu Nacional de História Natural e da Ciência em Lisboa, Portugal

Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, Brasil

Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, Brasil

Embaixada do Brasil em Berlim

Embaixada do Brasil em Berlim