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O Pantanal é a maior área úmida contínua do planeta e uma de suas reservas naturais mais diversificadas e exuberantes. A planície pantaneira tem 200 mil quilômetros quadrados, marcados por elevações isoladas de até 100 metros, e fica na porção central da bacia hidrográfica do Alto Paraguai. O bioma estende-se pelos estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com pequenas porções no norte do Paraguai e no leste da Bolívia. É um imenso reservatório de água doce, com papel central no suprimento de água e na estabilização do clima brasileiro. >>

O Pantanal é a maior área úmida contínua do planeta e uma de suas reservas naturais mais diversificadas e exuberantes. A planície pantaneira tem 200 mil quilômetros quadrados, marcados por elevações isoladas de até 100 metros, e fica na porção central da bacia hidrográfica do Alto Paraguai. O bioma estende-se pelos estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com pequenas porções no norte do Paraguai e no leste da Bolívia. É um imenso reservatório de água doce, com papel central no suprimento de água e na estabilização do clima brasileiro.

Uma das diversas particularidades do Pantanal é ser uma região de transição entre os principais biomas do continente – Amazônia, Cerrado, Chaco e Mata Atlântica. Além de compartilhar espécies animais e vegetais com eles, recebe influências diferentes de cada região limítrofe. Por isso, o Pantanal não se caracteriza por uma paisagem única; ele é um mosaico de ecossistemas, com topografias, características geológicas, hidrográficas e vegetação próprias. Essas diferenças marcantes entre as diversas regiões permitem reconhecer vários “Pantanais”, identificados por nomes remetem a regiões, rios e cidades conhecidas dos pantaneiros, como Cáceres, Nhecolândia, Paiaguás, Nabileque, Barão de Melgaço e Miranda. >>

Os ecossistemas pantaneiros baseiam-se em um ciclo de inundação que alterna estações chuvosa (outubro a março) e seca (junho a agosto). Esse pulso de inundação, como é conhecido, muda radicalmente a paisagem: quando as águas baixam, surgem campos, bancos de areia e ilhas, e os rios retomam seu leito. Nas chuvas, formam-se corixos, canais que ligam baías, lagoas, alagados e rios. Essa alternância é determinante na distribuição das comunidades vegetais e no comportamento das espécies animais. >>

© Luciano Candisani

O Pantanal foi declarado Patrimônio Nacional pela Constituição de 1988, e teve extensas áreas de proteção declaradas Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera pela UNESCO. Abriga 2.000 espécies de plantas e cerca de 250 de peixes, 200 de répteis e anfíbios, 160 de mamíferos e 600 de aves. Tuiuiús, jacarés, araras-azuis e ariranhas são facilmente avistáveis na planície pantaneira, que tem uma grande população de onças-pintadas, espécie ameaçada em outros biomas. >>

© Araquém Alcântara

A região do Pantanal era habitada originalmente por povos indígenas de etnias como Xaraiés, Orijone, Bororo e Guató. Sua incorporação à nação que nascia começou no século 18, com a passagem dos bandeirantes que saíam de São Paulo e cruzavam o território em busca de ouro e escravos no atual estado de Goiás. Depois da Guerra do Paraguai, num esforço de garantir as fronteiras ampliadas do Brasil, a Coroa portuguesa e, em seguida, a república brasileira cedem grandes glebas de terras a exploradores de origens diversas, que formam ali enormes fazendas de pecuária extensiva. >>

© joão farkas

Na constituição da rica cultura pantaneira, as raízes indígenas, que sobrevivem ao massacre sistemático dos povos originários nos séculos 18 e 19, recebem a influência dos paraguaios e migrantes de outras regiões e estados brasileiros, em especial o Rio Grande do Sul, que vieram trabalhar nas fazendas de gado – a pecuária é, ainda hoje, a principal atividade econômica da região, seguida de longe pela pesca e o turismo. Essa cultura amalgamada se expressa nos hábitos pantaneiros, na cozinha, nas festas, em um extenso vocabulário e, sobretudo, no conhecimento dos ritmos de uma natureza farta, mas voluntariosa. >>

© Araquém alcântara

As ameaças aos delicados ecossistemas do Pantanal são cada vez mais visíveis. Os incêndios se sucederam entre 2019 e 2021, e só os de 2020 consumiram perto de 4 milhões de hectares. São uma tragédia difícil de reverter, diretamente ligada à estiagem prolongada e à mudança climática. A prática incorreta da atividade agropecuária no Planalto Central, onde nascem os rios pantaneiros, acelera seu assoreamento; a perda hídrica afeta toda a dinâmica do bioma, impactando na segurança alimentar das populações ribeirinhas, nos transportes, na vida silvestre. Monoculturas tradicionais e grandes obras de infraestrutura fragilizam o bioma, ao desmatar e poluir as nascentes dos rios que formam o Pantanal. >>

© lalo de almeida

A preservação da biodiversidade singular do Pantanal passa por soluções de prevenção e controle de ameaças como o fogo, o assoreamento e a degradação das áreas limítrofes. Mas dependem, fundamentalmente, do desenvolvimento de boas práticas produtivas, sustentáveis e inovadoras. Com cerca de 80% de sua cobertura vegetal nativa ainda preservada, o bioma é um laboratório natural privilegiado para buscar e descobrir essas soluções.

© araquém alcântara

Agora que você sabe um pouco mais sobre o bioma pantaneiro, veja como pode apoiar e juntar forças com quem está ajudando a protegê-lo.