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Conheça a onça “adotada” por Richarlison durante divulgação da camiseta da Copa do Mundo

Foto: Acerola e Aracy tem linhagem considerada importante para a história da Onçafari. Foto: Edu Fragoso/Onçafari

Reprodução da Reportagem de Michael Esquer da plataforma ((o)) Eco.

O amor está no ar. O Acerola, onça-pintada (Panthera onca) adotada simbolicamente pelo jogador da seleção brasileira Richarlison de Andrade, durante a campanha de divulgação da camiseta da seleção brasileira na Copa do Mundo, foi flagrado acasalando na Caiman, no Pantanal sul-mato-grossense. O episódio foi registrado no último final de semana pelas lentes do biólogo Edu Fragoso, que também é o coordenador científico da Onçafari, organização não governamental (ONG) que trabalha há 11 anos com a promoção da conservação de onças-pintadas na região. 

“Esse é um casal que há tempos eu queria ver junto. Esses dois vêm de linhagens bem importantes para a história da Onçafari na Caiman”, declarou Fragoso, em publicação feita nas redes sociais. A ((o))eco, o biólogo diz que o registro compartilhado nas redes sociais foi feito no sábado (24), mas o casal estava sendo acompanhado desde a última sexta (23) até esta segunda-feira (26). 

Aracy, com quem Acerola foi visto acasalando, tem cerca de três anos e é filha de Isa, uma das primeiras onças-pintadas do mundo a serem reintroduzidas com sucesso na natureza. Mas quem é o Acerola? Esse jovem macho, que tem pouco mais de dois anos de idade, é neto de Esperança. Considerada a grande mãe do Onçafari, a onça-pintada foi uma das primeiras a serem monitoradas de perto pela ONG na Caiman Pantanal, desde 2012. De lá pra cá, Esperança já deu à luz muitos filhotes na região do Pantanal, entre eles Pandhora, mãe de Acerola. 

Nascida em 2015, Pandhora foi acompanhada pela Onçafari desde os primeiros meses de idade até os dias de hoje, quando passou a ocupar a área antes dominada pela mãe. Em meados de 2020, a onça-pintada deu à luz Acerola, que apenas recentemente iniciou o seu processo de desgarre – quando filhotes de onça-pintada atingem cerca de 1,5 ano eles se separam da mãe. 

“O Acerola é um macho recém independente. Ele ainda está explorando a área, mas em breve deve se dispersar para regiões distantes de sua área natal, um comportamento natural da espécie e observado em todos os machos nascidos e monitorados pela Onçafari”, explica o coordenador científico da ONG. 

Esse comportamento de dispersão, ele esclarece, se dá, possivelmente, para evitar a endogamia, prática que consiste no acasalamento entre indivíduos de uma mesma família de onças-pintadas. Esse comportamento gera filhotes com menor variabilidade genética e, consequentemente, menos resistentes. 

Há pouco tempo antes do flagrante do acasalamento, Acerola já tinha sido visto cortejando Aracy. “Por ainda ser um macho muito jovem, é notável a inexperiência dele em comportamentos de acasalamento”, comenta Edu. 

Acerola acasalando com Aracy, que é filha de Isa, uma das primeiras onças-pintadas do mundo a serem reintroduzidas na natureza. Foto: Edu Fragoso/Onçafari

Onça-pintada na Copa

Em junho deste ano, quando Richarlison visitava a Caiman Pantanal, junto com a Onçafari, uma das primeiras onças-pintadas avistadas foi adotada simbolicamente pelo jogador. Era o Acerola, cujo nome também foi dado por Richarlison. 

“Essa visita fazia parte do lançamento da camisa da seleção brasileira para a Copa do Mundo do Qatar, que tem estampadas as rosetas das onças-pintadas”, conta Edu. 

Com o lema “Veste a Garra”, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Nike anunciaram que o felino estamparia a camisa da seleção brasileira em agosto. A iniciativa, inspirada na garra e na beleza do animal, homenageia a “cultura de um povo que nunca desiste”, disse a CBF ao anunciar a novidade. 

Entre os que atuam pela preservação da onça-pintada, como a Onçafari que tem parceria com a Nike, a expectativa em torno da campanha é que ela fomente a conscientização sobre a preservação do felino.  

Avó de Acerola no Pantanal. Esperança foi uma das primeiras onças-pintadas a serem habituadas e monitoradas de perto pela Onçafari na Caiman Pantanal. Foto: Edu Fragoso/Onçafari