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Dia do Índio: A história Indígena no Pantanal

*IMAGEM DE CAPA: Obra de Debret mostra índios cavaleiros em ação | crédito: Jean-Baptiste Debret/Coleção Martha e Erico Stickel /Acervo Instituto Moreira Salles

Hoje, dia 19 de abril, é comemorado o Dia do Índio! Trata-se de uma data celebrada nos países americanos e foi escolhida em 1940, no Primeiro Congresso Indigenista Interamericano.

Aqui no Pantanal, a cultura indígena é muito forte e está presente tanto em moradores, descendentes dos índios, como nos índios e tribos ainda existentes!

Antropólogo Darcy Ribeiro também investigou as origens do mito dos ‘índios cavaleiros

ÍNDIOS NA GUERRA DO PARAGUAI

Uma das guerras mais marcantes do nosso país teve seu grande palco no Pantanal, conhecida como Guerra do Paraguai. Considerado para muitos como um genocídio, a guerra entre o Brasil e o Paraguai aconteceu durante os anos de 1864 a 1870. Como curiosidade, no Paraguai havia 800 mil habitantes. Após a guerra restaram apenas 194 mil.

Um mito do povo indígena Kadiwéu, conta que os ‘cavaleiros índios’ ajudaram o Brasil durante a guerra com o Paraguai, no fim do século 19, e foram bastante decisivos. Segundo a lenda, a tribo recebeu uma gigantesca reserva de terra – na qual vivem até hoje – como recompensa por sua ajuda, concedida pelo imperador Dom Pedro II. Os ‘cavaleiros índios’ lutaram em defesa do Brasil e quase foram dizimados por conta do massacre.

O território em que a tribo se encontra atualmente é enorme. Equivale a cerca de 538 mil hectares, o que representa mais de quatro vezes a área do município do Rio de Janeiro. Infelizmente, é uma das áreas mais impactadas pelos últimos incêndios ocorridos no Pantanal.

As regiões que foram cenário da guerra têm as marcas do acontecimento até hoje. Apesar das estatísticas tristes, é um marco histórico brasileiro e mundial, que faz parte da construção de conhecimento. Acreditamos que precisa ser repassado às presentes e futuras gerações.

POVO INDÍGENA GUATÓ

Os Guató, considerados o povo do Pantanal por excelência, ocupavam praticamente toda a região sudoeste do Mato Grosso, abarcando terras que hoje pertencem também ao estado de Mato Grosso do Sul e à Bolívia. Podiam ser encontrados nas ilhas e ao longo das margens do rio Paraguai, desde as proximidades de Cáceres até a região do Caracará, passando pelas lagoas Gaíba e Uberaba e, na direção leste, às margens do rio São Lourenço. No interior deste vasto território, sua presença foi registrada desde o século XVI por viajantes e cronistas.

Foto: Suki Ozaki, 2006

Foi entre 1940 e 1950 que se iniciou de modo mais intenso a expulsão dos Guató de seus territórios tradicionais. O gado dos fazendeiros invadia as roças dos índios e os comerciantes dificultavam a permanência dos Guató na ilha Ínsua e arredores. Sendo assim, migraram para outros pontos do Pantanal ou se dirigiram para as periferias de cidades como Corumbá, Ladário, Aquidauana, Poconé, Cáceres e etc. Foram poucas as famílias que permaneceram na ilha Ínsua. A partir da década de 50, os Guató foram considerados extintos pelo órgão indigenista oficial e assim, foram excluídos de quaisquer políticas de assistência. Foi somente em 1976 que missionários identificaram índios Guató vivendo na periferia de Corumbá. Aos poucos o grupo começou a se reorganizar e a lutar pelo seu reconhecimento étnico. Hoje, são os últimos canoeiros de todos os povos indígenas que ocuparam as terras baixas do Pantanal.

Foto: Waldir Pina, 1985

POVO INDÍGENA PERIGARA

A tribo indígena está situada no município de Barão de Melgaço, cerca de trezentos quilômetros ao sul da capital Cuiabá, às margens do rio São Lourenço. Pertencente ao povo Bororo, possuem comunidades em vários outros municípios, e que há décadas vivem nesta localidade. Devido à distância e sua localização em áreas remotas pantaneiras, fica boa parte do ano isolada, particularmente na época da cheia, quando o acesso a essa aldeia ocorre somente por vias aéreas.

Trata-se de uma aldeia pequena, se comparada a outras dessa mesma etnia, que devido ao isolamento, dificulta inclusive a assistência mais frequente dos órgãos oficiais de apoio aos índios.

Foto de Maurício Copetti/Doraciana, Guarani-kaiowá de 102 anos. Irmã de Marçal de Souza, a maior liderança indígena de âmbito nacional, que foi assassinado nos anos 90

Mesmo diante de toda a adversidade, os seus moradores mantêm no contexto deste bioma do Pantanal, as práticas culturais tradicionais de seus ancestrais, que pode ser visto no espaço que circunda a aldeia e nas atividades e festas do cotidiano. Os moradores mais antigos contam que devido às condições ambientais do local, eles eram mais altos e fortes que os outros de sua etnia, pois andavam muito pelas matas para caçar alimentos e matéria prima para fazerem artesanatos. Também aproveitavam essas incursões para recolherem plantas específicas que eram amplamente utilizadas pelos pajés na elaboração de medicamentos, principal forma de tratamento em caso de enfermidade.

O Pantanal é lar de algumas etnias indígenas ainda presentes, como os Kadiwéus, Guaranis Kaiowá, Guaranis Ñandeva, Bororo Orientais, Guapós e Terenas entre outros. Também foi lar de muitas outras já extintas, como os Paiaguás e Guaikurus.

Os índios são a história do Brasil e fazem parte da história do Pantanal também. Nós precisamos aprender muito com eles sobre respeito à natureza! Sendo assim, apoiamos a luta pela sobrevivência das povos originários!